Vou falar sobre um autêntico filme de terror: 1408. Baseado num conto homônimo do livro "Tudo é Eventual" do grande mestre do terror Stephen King e brilhantemente dirigido pelo sueco Mikael Håfström. É capaz de imprimir algo que poucos filmes de terror da atualidade conseguem: o medo. Mike Enslin (John Cusack) é um escritor não muito conhecido que passou a escrever sobre locais assombrados. Na verdade ele desmistifica tais locais ao se hospedar em hotéis onde pessoas morreram misteriosamente, ao passar uma noite numa mansão mal - assombrada, etc. Sua intenção é provar que fantasmas não existem, que não há vida após a morte, que o próprio Deus é uma fantasia. Isso teve seu estopim com a morte de sua pequena filha Katie (Jasmine Jessica Anthony) e consequentemente a sua separação matrimonial. O engraçado é que esses livros não fazem nenhum sucesso, o seu melhor foi uma obra composta antes que acontecesse tal tragédia e o conteúdo é totalmente paradoxal ao que escreve.
Voltando ao filme. Tudo isso muda ao receber pelo correio um postal anônimo advertindo-o a não se hospedar no quarto 1408 do hotel Dolphin, uso barato da psicologia reversa. O gerente Gerald Olin (Samuel L. Jackson) faz de tudo para que Mike não coloque o pé no quarto maldito, mostrando fotos, contando estórias das 56 vítimas fatais (fora as que saíram machucada, como a camareira que perde o olho) do 1408. Tudo em vão. Ele não fazia idéia do inferno que sua vida se tornaria quando pisasse no chão do quarto e trancasse a porta que nunca deveria se fechar.
Descobri recentemente que há dois finais para o filme (um oficial e uma provável versão do diretor). Assisti apenas um deles (creio que seja a versão do diretor) e me contaram o outro (acho que é o oficial), a minha opção de melhor desfecho é o que eu vi (versão do diretor).
Håfström conduz o filme de maneira claustrofóbica, principalmente durante a “prisão” de Mike no 1408. A falta de ar pode ser sentida pelo próprio espectador, com a eliminação das janelas, a perseguição nos túbulos de ventilação e até com a tentativa frustrada de chegar a um outro quarto através do beiral. Fora do recinto também é possível perceber tal sensação, através do afogamento e da agonia.
A personagem passa, dentro do quarto, por todos os círculos do inferno descritos por Dante Alighieri na sua “Divina Comédia”. Do mais externo, para onde vão aqueles que morrem e não foram batizados, até o último, gelado, feito das lágrimas dos sofredores.
Uma coisa curiosa é a constante alusão ao número 13. A começar pelo título do filme 1408 (1+4+0+8 = 13) se for contar as letras de “Michael Enslin” também da 13. Dentre várias outras. É curioso lembrar que nos EUA, em geral, por motivos supersticiosos, os hotéis (e relativos) não possuem o 13º andar. Do 12º pula para o 14º. Portanto, tecnicamente, o quarto 1408 ficaria no 13º andar. Paranóia?!
É mais uma adaptação de sucesso do grande mestre que juntamente com “O Iluminado” de Kubrick, “Na Hora da Zona Morta” de Cronenberg, “O Nevoeiro” de Darabont, “O Aprendiz” de Singer e dentre vários outros, atinge o seu objetivo: imprimir o terror e a loucura humana.
Comments (0)
Postar um comentário