A Vida dos Outros

Posted by Felipe C. | Posted in | Posted on 10:38





"In einem System der Macht ist nichts privat"

 Nada passa despercebido pelos ouvidos da Agência Secreta da República Democrática Alemã, nem mesmo os seus segredos mas íntimos. Essa é trama central do filme "A Vida dos Outros" do então pouco conhecido diretor alemão Florian Henckel von Donnersmarck.
O ano é 1984, na Alemanha Oriental ninguém pode esconder seus segredos. Todas as potenciais ameaças são espiadas pela agência secreta da RDA, sem ao menos saber que a sua própria vida está sendo vivida por uma pessoa que lhe é totalmente estranha.
Nós acompanhamos o diretor de teatro Georg Dreyman (vivido por Sebastian Koch) que juntamente com sua namorada, a atriz Christa-Maria Sieland (um ótima trabalho entregue pela atriz Martina Gedeck), apresentam peças pelos tatros da Berlim Oriental. É considerado por muitos um dos maiores dramaturgos do país e até mesmo um cidadão modelo, uma vez que é um dos poucos que não contesta e nem se opõe, abertamente, ao regime totalitátio do lado leste da Alemanha.
Mesmo com essas vantagens, os ministro Bruno Hempf (Thomas Thieme) decide investigar a sua vida para saber se esconde algum segredo. Designa para tal missão Anton Grubitz (Ulrich Tukur) que por sua vez manda seu subordinado, Gerd Weisler (um dos últimos trabalhos do sensacional Ulrich Mühe), tomar conta do caso.
Escutas são instaladas por toda a casa do diretor. Sua vida é monitorada 24 horas por dia, os acontecimentos mais relevantes são datilografados em uma folha. O agente Weisler começa, então, a viver uma vida que não é a dele.
Ao analisarmos a película temos uma leve noção de como é a vida sob um regime opressivo. Algo que foi experinciado no leste europeu durante quase toda metade do final do século XX, no  Brasil durante o período da ditadura militar, na Venezuela de Hugo Chávez e em vários países da África, ainda hoje. São governos que "desconhecem" os direitos humanos e fazem tudo oque estiver ao seu alcance para se manter no poder.
No filme, o que fica mais evidente é a supressão da liberdade. Dreyman é vigiado o tempo todo. dia após dia, até mesmo a sua vida sexual é exposta nas anotações de Weisler. Cada movimento é percebido, cada fala é interpretada, sua liberdade é controlada, a fim de estabilizar uma ameaça que nem ao menos existe.
Outro ponto mostrado logo nos primeiro minutos de projeção é a tortura. Para descobrir informações que conviessem com a necessidade do governo, usavam da tortura, nesse caso, a privação do sono, para conseguir uma confissão.
Nos deparamos o tempo todo com chantagens, privações, agressões e viloações, condenando pessoas em prol de um governo autoritário que não media esforços para continuar a dirigir o país rumo ao "desenvolvimento", à "glória".
Gerd Weisler começa, aos poucos, a viver a sua própria vida, percebendo, assim, a falta de humanidade impressa em todo aquele esquema. Vai tentando consertar seus erros e devolver à normalidade a vida de Dreyman.
É um filme com um roteiro inteligente, fazendo com que nós, espectadores, nos sintamos tanto na pele de Gerog como na de Gerd, é a liberdade que está em jogo, os direito de cada cidadão da Alemanha Oriental naquele insípido outono de 1984.



Comments (1)

O cinema alemão é um dos meus favoritos atualmente. Filmes como A Vida dos Outros, A Onda e O Tambor mostram a vitalidade desse cinema. É sempre bom nós, amantes do cinema, fugirmos um pouco do esquemão hollywoodiano!!

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