Como Treinar seu Dragão

Posted by Felipe C. | Posted in | Posted on 19:24




"Everything we know about them is wrong."

 Devo confessar que tenho uma grande queda por animações, é um dos gêneros que mais gosto. Não importa se são aquelas bobinhas ou algumas mais elaboradas, sempre que posso eu assisto. Nessa última década (e várias dos anos 90) as animações tem melhorado sua qualidade exponencialmente. Dos anos 90 temos vários exemplos como A Bela e a Fera, Rei Leão, Aladdin, Toy Story 1 e 2. Na década seguinte a safra foi maravilhosa, com o fortalecimento da Pixar e a entrada da Dreamworks na indústria, tivemos algo parecido com uma "revolução das animações": São filmes que entreteem crianças, jovens e adultos. Ultimamante, esse tipo de filme vem passando mensagens que só são captadas por pessoas com um pouco mais de experiência de vida, fazendo com que os pais sintam vontade de ir ao cinema junto com os filhos. Como exemplo posso citar: Shrek, Procurando Nemo, Os Incríveis, Ratatouille, A Viagem de Chihiro, Kung Fu Panda, WALL-E, Up - Altas Aventuras, Madagascar, Coraline e o mais recente "Como Treinar seu Dragão" (How to Train your Dragon, 2010, EUA), produzido pela já mencionada Dreamworks.

Na história, acomapanhamos o jovem viking Soluço que mora na Ilha de Berg. Lá neva 9 meses e nos outros 3 cai uma geada daquelas, a comida não tem gosto de nada e tem um tipo de praga que não existe e nenhum outro local: dragões. Estes atacam constamente os animais dos bravios vikings, logo a caça aos bichões é uma das (se não for A) atividades mais praticadas pelos habitantes da ilha. Portanto o sonho de todo jovem é se tornar um poderoso caçador de dragões. E Soluço não foge à regra. Na verdade, a população da ilha deveria esperar um algo mais vindo do jovenzinho, já que ele é o filho do líder da tribo, o poderoso Stoico. Mas não é bem isso que acontece... Soluço é o "nerd" entre os futuros caçadores de dragões, não tem nenhum atributo físico que o ajude, é todo estabanado e sempre está construindo alguma geringonça e sempre trazendo problemas com elas. Tudo muda quando numa noite típica em que a tribo é atacada, Soluço acerta, com uma catapulta que criou, um dos dragões mais temidos, o Fúria da Noite. Ninguém parece acreditar que aquele garoto atrapalhado e franzino poderia ser capaz de acertar um dragão que nunca foi morto antes. No dia seguinte resolve procurar a fera, o encontra no meio da mata todo amarrado. A primeira coisa que passa na sua cabeça é matar a besta, se fizesse isso todos de sua cidade o respeitariam e seria o orgulho de seu pai, mas o seu coração não permite que ele cometa tal ato. Ao invés disso ele liberta o dragão. É a partir de então que começa uma amizade totalmente improvável.

O filme como um todo é magnífico, pode não ter um roteiro todo elaborado já que o público alvo são as crianças, mas é extremamente eficiente. A concepção do filme em 3-D é outro trunfo do longa, principalmente quando Soluço senta na garupa de Banguela (o dragão) e juntos voam pelo céu norte-europeu, foi uma sensação de imersão maior do que a de Avatar (é sério!). A fotografia é maravilhosa, o cenário nórdico contribui bastante. A trilha de John Powell é estupenda, suas músicas conseguem evocar sentimentos especificos nas cenas ao qual são inseridas. Certas partes são de encher os olhos de lágrimas, cenas tão bem feitas e que exprimem fortes emoções que é praticamente impossível não se sentir tocado. Ao chegar perto do final o filme tem uma leve recaída  em relação a qualidade (principalmente no roteiro), mas logo se recupera ao apresentar uma cena de embate entre dois dragões  estupenda e um final que poucos teriam culhões para fazer, se tratando de um filme infantil. As lições que a película passa também são extremamente relevantes: as incertezas que cercam a cabeça de crianças e jovens, a dificuldade que os pais tem para ouvir os filhos, a falta de diálogo entre estes, o bullying.

Outro ponto à se observar é quanto ao desenvolvimento dessa técnica de animação (feita em computador), os personagens apesar de terem feições caricatas apresentam detalhes extremamente realistas (observe o cabelo do Soluço, parece de verdade!), no que tange aos dragões essa realidade é ainda mais gritante, é possível ver a textura das escamas dos dragões e o seus olhos são muito vivos.

Já tenho "Como Treinar seu Dragão" como meu favorito do ano mesmo sem ter assistido a outras animações de 2010. Espero que seja esse a destronar a Pixar (longe de desmerecer seu trabalho, que não é menos magnífico, mas está na hora de darem chances para outros) de seus constantes prêmios. É um filme para marcar gerações assim como foi "O Rei Leão", "Toy Story" e "Shrek" e espero que seja reconhecido como tal. Para quem sentiu vontade de ver o filme (e para que não teve vontade nenhuma também) vou por o costumeiro trailer:


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